O estresse atinge 90% da população mundial, é o que garante a Organização Mundial de Saúde (OMS). Só no Brasil 70% da população sofre do mal, sendo que 30% possuem níveis elevados de estresse. Apesar do estresse ser responsável pelo instinto de sobrevivência e representar uma defesa natural do organismo, estar frequentemente estressado pode gerar consequências físicas, psicológicas e emocionais, como problemas de pele e cabelos, dores musculares, baixa libido, depressão, insônia e mais.
1 - queda de cabelo
O tricologista capilar Luciano Barsanti, médico especializado na saúde dos fios, alerta que a calvície é o distúrbio mais comum do estresse. A queda de cabelos pode acontecer tanto em homens quanto em mulheres que já tenham históricos familiares. E em muitos casos a perda gradativa dos fios está ligada aos hormônios produzidos pelo estresse, como a testosterona, que interrompem as células responsáveis pelo crescimento capilar, esclarece o especialista.
A mesma coisa acontece com a chamada pelada ou Alopecia Areata, que é uma doença autoimune, desencadeada por níveis exagerados de estresse, causando a perda dos fios em áreas específicas da cabeça. De acordo com Luciano, outro problema que o estresse agrava é o embranquecimento precoce dos fios. Apesar de ser um fator genético, pessoas muito estressadas podem acelerar o processo, por conta da diminuição de melanina no organismo - fator responsável pela coloração dos fios.
2 - Doenças de pele
A pele também costuma sofrer com o estresse. A dermatologista Gabriela Casabona explica que quando o corpo está sob tensão, sua imunidade diminui, fazendo com que as doenças fiquem mais propensas a aparecer. O organismo está preparado para lidar com o estresse do dia a dia, mas não por longos períodos ou com grande intensidade. Infelizmente, quando o limite de estresse é ultrapassado, automaticamente ele gera efeitos colaterais no metabolismo. Na pele, por exemplo, é comum o surgimento de ressecamento, acne e aspecto cansado, afirma Gabriela.
3 - Dor
Muitas pessoas se queixam de dores musculares, porém nem sempre associam o desconforto ao estresse. Segundo a fisioterapeuta Mariângela Bizeli, a pessoa estressada contrai, sem perceber, a musculatura do ombro, que pode ocasionar dores de cabeça, de coluna e até torcicolo. A má postura durante o trabalho, ou em qualquer outra situação do dia a dia, também pode potencializar os efeitos do estresse e aumentar as dores no corpo. Isso acontece principalmente quando a pessoa adota uma postura curvada e cabisbaixa. Pode haver uma sobrecarga na coluna lombar, causando dores nessa região, pontua a fisioterapeuta.
As dores nas articulações também podem surgir por conta do estresse. A fisioterapeuta explica que devido à diminuição das defesas do organismo, o paciente estressado pode apresentar quadros de tendinite e dores generalizadas.
4 - Libido e fertilidade
O estresse também pode ser responsável por vários problemas íntimos. A fisioterapeuta ginecológica Roberta Struzani afirma que uma mulher que não consegue relaxar durante o dia pode levar o estresse para a cama, atrapalhando seu desempenho sexual e até sua fertilidade.
Quando a mulher está sob efeito do estresse, ela libera substâncias como cortisol e alfa-amilase. Esta última interfere no hormônio progesterona, o que faz o ciclo menstrual diminuir, prejudicando também a fertilidade. No caso do cortisol, ele atrapalha a produção do óvulo e sua liberação para as trompas uterinas, local que ocorrerá a fertilização. Já no caso do homem, a liberação do cortisol pelo estresse interfere na produção de esperma, explica Roberta.
O local onde ocorre a regulação do estresse no cérebro, chamado hipotálamo, também é responsável pelas respostas sexuais. Sendo assim, a atividade do hipotálamo aumenta quando a pessoa está estressada e dá menos atenção para as áreas da libido, do orgasmo e do prazer, diminuindo-as.
O orgasmo, por sua vez, é um grande facilitador da gravidez. É através das contrações provocadas no momento do clímax sexual que o espermatozoide é encaminhado mais rapidamente às trompas uterinas - local onde o óvulo se encontra para que ocorra a fecundação, pontua Roberta.
5 - Situações positivas podem causar estresse
O estresse também pode ser o responsável pela sensação de insegurança, angústia, irritabilidade e várias outros sentimentos que interferem na saúde emocional de alguém. Segundo a psicoterapeuta Celia Lima, a pessoa que não busca apoio profissional ou não constrói uma válvula de escape para aliviar a tensão, acabará sofrendo com o estresse, o que também poderá atingir pessoas próximas, como a própria família.
A influência do ambiente pode ser outro fator que desencadeia a sensação excessiva de tensão, mesmo que o evento seja algo encarado como positivo. Situações positivas como a reforma de uma casa, aliada ao nascimento de um bebê, podem desencadear tanto estresse quanto uma exposição a situações traumáticas ou ameaçadoras, pontua a psicoterapeuta.
6 - a atenção e o sono
Os níveis excessivos de estresse não interferem somente no emocional e no físico de uma pessoa, como também na parte mental. Segundo o neurologista André Felício, o estresse influencia diretamente na memória e concentração. Algumas alterações neuroquímicas geradas pelo estresse prejudicam o ato de transformar a memória recente em memória de longo prazo, afirma André.
Ainda de acordo com o neurologista, o estresse também dificulta a capacidade de prestar atenção em tarefas diversas. André ressalta que embora a atenção possa aumentar quando alguém está sob estresse, a habilidade de realizar multitarefas se perde. Além disso, a hora de dormir é um dos momentos mais prejudicados quando uma pessoa não consegue relaxar. O estresse gera ansiedade e um de seus efeitos é dificultar o início do sono, diferente do que acontece na depressão, na qual a dificuldade é manter o sono, diferencia André.
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